Você sabe o que está por trás do nado com golfinhos?
Entenda por que turistas não devem nadar com golfinhos no Caribe, México, Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo
Interagir com animais silvestres em atrações turísticas como o nado com golfinhos pode parecer inofensivo, mas não é. Quando podemos montar, tocar, abraçar, alimentar ou tirar selfies com um animal, é muito provável que ele esteja enfrentando uma vida inteira de crueldade.
A indústria de entretenimento com golfinhos e seus delfinários ao redor do mundo conta com 336 atrações, em cerca de 54 países, que mantém 3.029 golfinhos em cativeiro. Cada um desses animais está aprisionado de forma cruel.
A realidade por trás de atrações como o nado com golfinhos
– Espaço insuficiente
Quando retirados da natureza e mantidos em cativeiro, os golfinhos são forçados a viver em espaços 200 mil vezes menores do que a extensão de seu habitat natural, sendo mantidos em pequenos tanques de concreto, sem liberdade para se movimentar ou expressar seus comportamentos naturais.
– Impacto no comportamento social
Esse é um ponto importante a ser ressaltado: golfinhos são animais sociais e suas relações são complexas. Para fazer parte dessa indústria, são separados de suas mães ainda filhotes e obrigados a viver em grupos que não foram escolhidos por eles mesmos.
Você sabia que na natureza esses animais definem uma hierarquia social?
Isso não acontece no cativeiro, pois, além de viverem em grupos muito menores do que aqueles formados na natureza, novas transferências, introduções e separações acontecem de acordo com as necessidades comerciais dos empreendimentos, o que desestabiliza o agrupamento e afeta o comportamento social desses animais.
– Trabalho em troca de comida
Para que os shows e performances sejam bem sucedidos, os golfinhos são mantidos em rotinas de trabalho, quando aprendem que para receber alimento de seus treinadores eles precisam antes treinar muito para aprender os truques. A cada truque realizado, como recompensa recebem um pedaço de peixe congelado.
– Ambiente inadequado
Vivem em ambientes barulhentos (com música alta, aplausos e interação da plateia), e em 100% do tempo em piscinas com cloro, substância que é agressiva e tóxica à pele desses animais, o que gera lesões.
– Interações forçadas
Na maior parte das situações são forçados à interação direta com os seres humanos: quem nunca viu uma foto de alguém beijando um golfinho, não é mesmo?
Mas a indústria de delfinários não conta pra gente toda essa crueldade, escondida nos bastidores, necessária para disponibilizar um golfinho para os turistas nos parques temáticos.
As consequências do stress por serem mantidos em cativeiro
Todas essas situações expõem esses animais à altos níveis de estresse, fazendo com que eles:
- Tenham quedas de imunidade (chamada imunossupressão), tornando-os mais vulneráveis a doenças que normalmente não os afetariam se estivessem na natureza;
- Tenham aumento nos níveis de agressividade, seja entre si mesmos, seja com seus treinadores e visitantes (Sim, atrações como nado com golfinhos não são seguras para os turistas – um exemplo disso é este acidente recente ocorrido em Cancún, na Península de Iucatã, México);
Que tal substituir essas atrações pelo turismo de observação?
Para acabar com essa exploração, nós da Proteção Animal Mundial pressionamos a indústria do turismo e do entretenimento a parar de oferecer ingressos para esse tipo de atração.
Compreendemos que as pessoas se sintam atraídas por uma experiência com animais – sim, eles são fascinantes! -, contudo, não é necessário que seja cruel.
Em todo o mundo, existem inúmeras oportunidades para turismo com animais em vida livre, na natureza, onde podem expressar seus comportamentos naturais e ter suas necessidades atendidas. Isso é cientificamente impossível para um animal silvestre mantido preso em cativeiro.
Passar a vida realizando apresentações em piscinas menores que uma tela de cinema é muito pouco para um animal tão inteligente, social e complexo quanto um golfinho.
Além disso, com a Covid-19 ficou mais do que claro que a proximidade entre seres humanos com espécies selvagens traz o risco de transmissão de zoonoses, que podem gerar epidemias e, quem sabe, pandemias.
Em duas situações especiais, como no desmatamento de florestas e nas práticas comerciais que exploram a vida silvestre – seja para o turismo ou para as indústrias pet, de alimentos, caça esportiva, moda, medicina tradicional -, vemos uma negligência em relação aos riscos que essa proximidade promove.
Portanto, é uma necessidade de saúde pública que nos mantenhamos de certa forma afastados dos animais silvestres. Afinal, o lugar deles é – e sempre será – na natureza!
Conhece alguém que está pensando em nadar com golfinhos durante uma viagem? Compartilhe esse post e nos ajude a informar o máximo de pessoas possível sobre a crueldade por trás dessa atração =)
Podcast:
Recomendamos este episódio do podcast Mega Animal da Proteção Animal Mundial, onde participamos falando sobre o ponto de vista de turistas em relação a indústria do turismo e entretenimento com animais silvestres:
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